quinta-feira, 21 de maio de 2009

Diferença salarial entre homens e mulheres

O fosso salarial entre homens e mulheres voltou a aumentar. No ano passado, atingiu 260 euros, o valor mais elevado desde, pelo menos, 2002. A diferença começa logo no salário base efectivamente pago, por norma superior quando se trata de um homem. Mas é ainda maior se, à remuneração base, se juntar os vários tipos de subsídio.

Um trabalhador do sexo masculino levava para casa, em Abril do ano passado (últimos dados disponíveis) e em média, um total de 1051 euros, mais 260 euros que uma mulher. Em Abril do ano anterior, essa diferença era menor, de 246 euros. Ou seja, uma trabalhadora recebia menos 24,7% do que receberia se fosse do sexo oposto, segundo a Direcção-Geral Estudos, Estatística e Planeamento (DGEEP) do Ministério do Trabalho e Solidariedade Social.

Estes dados dizem respeito à remuneração real, que inclui montantes como os relativos a trabalho suplementar, subsídio de função ou de deslocação e que são "geralmente de carácter discricionário", acredita Fátima Duarte, presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE).

São remunerações que pesam mais no salário dos homens do que das mulheres, o que indica que as entidades patronais estimulam o emprego masculino oferecendo-lhe condições assessórias mais benéficas que a uma mulher, sustenta Elza Pais, da Comissão para a Igualdade e Direitos das Mulheres. "Muitas vezes, o salário base publicitado é igual quer o candidato seja homem ou mulher, mas acontece a empresa dar mais benefícios se se tratar de um homem", adiantou.

Além disso, lembra, o grau de qualificação do emprego feminino ainda é inferior à média masculina, pelo que os salários são também mais baixos. "As remunerações traduzem o posicionamento na carreira e as mulheres têm mais dificuldade em progredir".

Calcula-se, por exemplo, que apenas um terço dos quadros superiores sejam do sexo feminino.

Mas, mesmo em profissões iguais, há diferença no salário pago, garante Paula Esteves, coordenadora da Comissão de Mulheres da UGT. "Ainda há muitas pessoas (e muitas mulheres) que acham normal haver diferenças salariais, sobretudo das regiões do interior do país".

Uma das formas de diminuir a diferença, adianta, é promover a formação profissional dentro do local de trabalho, ou seja, em horas que não sejam incompatíveis com responsabilidades familiares. "Falta mudar a cultura dos empresários, mas também dos trabalhadores", afirmou.

Fonte: http://jn.sapo.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=550411

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